
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Trabalho Imaterial

sábado, 18 de julho de 2009
An?! Felicidade?! Aaaah!

O que o conhecimento nos dá? Por qual razão o conhecimento não satisfaz completamente?
“Estudei ardentemente tanta filosofia,
direito e medicina
E infelizmente muita Teologia,
Tudo investiguei, com esforço e disciplina,
E assim me encontro eu, qual pobre tolo, agora,
Tão sábio e tão instruído quanto fora um dia!”
Goethe
O que é o conhecimento? Aquilo que se aprende nos livros e nas universidades? O conhecimento científico é produzido através de um processo (método) e por isso é inevitavelmente e intrinsecamente passível de erros (será sempre uma tentativa de explicar a realidade), para que aja evolução. O homem moderno deixou de lado a divindade e passou a viver sem a ajuda de Deus, dedicando-se integralmente a ciência. Com essa desmistificação, o homem passa a ser responsável pelos seus atos, e a correr o risco dessa busca ser infrutífera, visto que antes a vida eterna era garantida pela fé. A atitude moderna implica em ser dono do próprio destino, autor da própria existência, porém esses atributos não garantem uma vida sem dores e angustias.
A fragilidade (ansiedade, depressão, medos, angustias) do homem moderno é inerente à individualização e ao ceticismo moderno, a responsabilidade sobre o destino da vida recai sobre CADA INDIVÍDUO, antes repartida pela crença e a sociedade. Ter um projeto de vida e ser bem sucedido passou a ser pré-requisito para se viver na modernidade, a liberdade de escolha angustia o homem que durante toda a história viveu na segurança do destino já traçado e o sucesso implica na obtenção de conhecimento que gera ainda mais desconfiança, pois na modernidade não a garantia nenhuma de que o conhecimento verdadeiro seja alcançado, pois o conhecimento passa a ser um processo ou se da ao final de um processo.
O homem moderno dedica sua vida a obtenção do conhecimento, e inevitavelmente um dia (depois de um, dez ou quarenta anos) passa a questionar a funcionalidade, validade e a veracidade de tudo.
“Aquilo que se ignora é o q mais nos agita
Aquilo que se sabe nunca se há de usar”
As conquistas da modernidade são boas, mas nem sempre trazem coisas boas. A promessa de que o conhecimento substituiria a crença e resolveria os dilemas e angustias da humanidade ainda não foi superado pela modernidade, visto o crescimento do radicalismo religioso, crenças esotéricas e o estudo do sobrenatural. O resgate da crença alienada em uma divindade é uma tentação, porém seria um retrocesso. A ciência e a razão não podem satisfazer o homem porque ele apenas substituiu a crença e não superou a mesma, cometendo os mesmo erros, ao se colocar no centro das atenções e dogmatizar a verdade.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Validade de teorias ou briga de egos?
Entender o funcionamento da memória, da aprendizagem, da motivação, do pensamento, da percepção e do comportamento dito anormal são questões de interesse dos psicólogos hoje, porém já são discutidas desde o século V a.C. por filósofos gregos como Platão e Aristóteles. A psicologia se define como um campo de estudo formal e reivindica uma identidade própria só no fim do século XIX. Talvez seja esse antagonismo, temas discutidos ao longo de milhares de anos “informalmente” e a retomada desta discussão em uma roupagem científica, que resultou no atual acirrado debate epistemológico das diferentes linhas da psicologia. Para fins ilustrativos vou utilizar a realidade do curso de psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no qual o autor deste texto faz sua graduação, o departamento de psicologia diferente de todos os outros cursos da mesma universidade é divido em três por divergências teóricas em: departamento de psicologia e psicanálise (PPSIC), departamento de psicologia social e institucional (PSI) e por fim departamento de psicologia geral e análise do comportamento (PGAC). Em uma análise superficial dos nomes escolhidos para os departamentos é possível observar a arrogância como cada um tenta se auto afirmar. Todos têm uma palavra que resume sua visão do campo de estudo que o curso pretende desenvolver, antes mesmo de sua especificidade que é em ultima análise o que justifica a existência de mais de um departamento. No caso do PPSIC o que o diferencia dos outros é sua preferência pela psicanálise, mas antes desse termo foi cunhado o termo “psicologia” e nos outros casos “psicologia geral” e “psicologia institucional”.
Não pretendo nesse texto explorar a fundo as causas históricas da partição do curso em três departamentos na UEL e sim utilizar como exemplo para ilustrar como alguns conhecimentos são preteridos em função de outros por divergências unicamente epistemológicas por estudiosos da psicologia. Vale ressaltar que essas divergências são muito mais acentuadas do que expostas nesse breve texto, as diferentes linhas intra departamentos são tão preteridas ou mais do que as inter departamentos. Dito isso irei restringir minha análise nas diferenças entre a ciência do comportamento (behaviorismo) e a psicanálise.
A psicanálise é um método clínico desenvolvido por Freud através de estudos de casos que não eram resolvidos pelo conhecimento psiquiátrico do fim do século XIX. As influências de Freud foram sua formação médica, a hipnose de Breur, a filosofia de Schopenhauer e Nietzsche e o desenvolvimento de sua teoria se deu indutivamente. A ciência do comportamento nasce de pesquisas experimentais em laboratório e tem como principais características o pragmatismo e o anti mentalismo. Seu principal expoente é Skinner que foi influenciado pelas idéias de Popper e pela metodologia de Watson. Se auto intitula como a linha científica da psicologia.
Os behavioristas são céticos em relação ao conhecimento produzido pela psicanálise por não terem validação científica/experimental. Por outro lado os psicanalistas não abrem mão de seus constructos para explicar sua teoria. Em geral é levado em conta o pragmatismo e a navalha de Occam para eleger a ciência do comportamento como uma explicação mais plausível do complexo comportamento humano. Uma maneira mais moderna de tratar esse problema é através das premissas do argumento da subconsideração. A primeira diz respeito à classificação de uma teoria em relação à outra, habilita os estudiosos a provarem quais das teorias rivais que eles produziram sejam corretas sem afirmar, entretanto quão provável é sua teoria dentre as mais prováveis. Isso porque existe um desconhecimento de todas as teorias, incluindo nesse montante as teorias que ainda serão escritas. Tal desconhecimento é parte da segunda premissa. É intrínseca a nossa limitação a dúvida em relação a veracidade de uma teoria o que acarreta em equívoco qualquer tentativa de eleger determinada maneira de produzir como a certa. Tais premissas colocam em cheque a simplificação feita na forma do argumento do pragmatismo para questões complexas como a validade de uma teoria.
As duas teorias escolhidas, behaviorismo e psicanálise, já foram institucionalizados pela academia apesar de suas diferenças, porém o debate infrutífero entre elas tem conseqüências nefastas para o desenvolvimento da psicologia e da universidade. O conjunto de professores do curso não conseguem dialogar, a não em de forma intra departamento e muito menos existe algum tipo de pesquisa tentando buscar pontos comuns e consensos na psicologia. Temos hoje uma série de psicologias se desenvolvendo paralelamente enquanto as críticas são a má utilização do dinheiro público é feita dentro dos departamentos (feudos) em direção ao departamento de seus vizinhos (outros feudos). Será que a procrastinação de promover um moderno debate científico e começar a trabalhar em prol de entender a psicologia como um todo não seria já um desperdício do dinheiro público? Apenas cento e poucos anos se passaram desde que a psicologia começou a se organizar, mas no século da informação, cada ano que passa sem que nada mude, é sentido como uma eternidade.
LIPTON, P. O melhor é bom o suficiente?. Proceedings of the Aristotelian Society. Trad. Marco R. Silva. 1993.
THAGARD, Paul. A estrutura conceitual da revolução química. Philosophy of Science. Trad. Marco R. Silva. 1990.
SCHULTZ, Duane P. (2005). História da Psicologia Moderna. 8 ed. São Paulo: Thomsom Learning Edições, 2006.
